terça-feira, 30 de abril de 2013

ASCENSÃO DO SENHOR - Ano C


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD

ASCENSÃO DO SENHOR - ANO C

Lc 24, 46-53
Afastou-se deles e foi levado ao céu


Oração do dia

Ó Deus todo-poderoso, a ascensão do vosso filho, já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, membros de seu corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
EVANGELHO (Lucas 24,46-53)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas. 24,46 Disse Jesus: "Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia.
47 E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.
48 Vós sois as testemunhas de tudo isso.
49 Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai; entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto.
50 Depois os levou para Betânia e, levantando as mãos, os abençoou.
51 Enquanto os abençoava, separou-se deles e foi arrebatado ao céu.
52 Depois de o terem adorado, voltaram para Jerusalém com grande júbilo.
53 E permaneciam no templo, louvando e bendizendo a Deus".
– Palavra da Salvação.
        COMENTÁRIO

        Chegamos ao último trecho do Evangelho de Lucas. Quase todo esse capítulo é encontrado somente em Lucas, e revela bem o seu pensamento. Podemos dizer que o Evangelho todo culmina na postura dos discípulos, descrita em versículo 52: “Eles o adoraram”. Essa é a primeira e única vez que Lucas diz que os discípulos adoraram Jesus. Aqui há uma aproximação entre a cristologia de Lucas e a de João em Jo 20, 28.

O trecho abre com uma frase que faz lembrar os dois discípulos na estrada de Emaús: “Jesus abriu a mente deles para entenderem as Escrituras” (v. 45). Vale a pena salientar que Ele fez que eles “entendessem” as Escrituras - não que as “conhecessem”, pois, estavam bem a par de tudo que as Escrituras falavam! O problema deles - como dos dois de Emaús - era de entender como as Escrituras podiam iluminar a sua caminhada, na sua situação concreta.
Lucas frisa que o anúncio do Evangelho incluirá a grande Boa Nova do perdão dos pecados. Essa Boa Notícia “será anunciada a todas as nações, começando por Jerusalém” (v.47). Aqui explica como a salvação chegará aos outros povos - através da pregação e testemunho das comunidades cristãs. Por isso, devemos entender a frase “E vocês são testemunhas disso” (v. 48) como referente não só aos Onze, mas a todos os discípulos e discípulas de Jesus! Podemos lembrarmo-nos de Lc 24, 9.33 - onde enfatiza que além dos Onze, estavam também presentes “os outros”. Isso é importante para que não caiamos na cilada de achar que a missão de testemunhar os valores do Reino seja algo reservado aos ministros ordenados. O Documento de Aparecida insiste muito que não é possível ser discípulo/a de Jesus sem ser missionário/a. Essa incumbência e privilégio vêm do nosso batismo! As comunidades poderão contar com um poderoso ajudante nesta missão gostosa, mas árdua - o Espírito Santo, prometido pelo Pai: “Agora eu lhes enviarei aquele que meu Pai prometeu” (v. 49). O comprimento dessa promessa será graficamente descrito na continuação da obra de Lucas, nos primeiros dois capítulos dos Atos dos Apóstolos.
O último parágrafo contém numerosas referências a Lc 1, 5-2,25. O texto grego usa o verbo que no Antigo Testamento é usado para descrever o Êxodo, quando diz: “Jesus levou os discípulos para fora da cidade” (v. 50). Para Lucas, Jesus está prestes a completar o seu Êxodo ao Pai. Mas antes, “Ergueu as mãos e os abençoava” (v. 50b). É a única vez que no Evangelho de Lucas se diz que Jesus abençoou alguém. No fim da liturgia da sua vida, Jesus dá a sua bênção final aos que vão continuar a sua missão! Os discípulos sentem grande alegria - um tema destacado no início da vida de Jesus, no seu nascimento em Belém, quando os anjos trouxeram notícias de grande alegria! A alegria prometida no início está presente no fim! Por isso, os discípulos se encontram no Templo, onde Jesus foi apresentado e onde Simeão louvou a Deus. O Evangelho de Lucas conclui afirmando que eles também “Estavam sempre no Templo, bendizendo a Deus” (v. 53). O autor termina enfatizando a resposta que os seus leitores devem dar, na medida em que eles aceitam que em Jesus chegou a nossa salvação através da ação gratuita do Deus misericordioso!
           Esta resposta de bendizer a Deus não é somente com os lábios, mas com uma vida dedicada e missionária, no seguimento de Jesus de Nazaré e comprometida com a construção de comunidades e sociedades alternativas, baseadas na partilha e na solidariedade. Esse é um dos grandes temas da segunda parte da obra de Lucas, que nós conhecemos como “Atos dos Apóstolos”, um dos livros bíblicos preferidos no estudo bíblico nas comunidades de hoje.


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