Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
DÉCIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C
Lucas 7,11-18
“Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela”
Oração do dia
Ó Deus, fonte
de todo bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por vossa inspiração, pensar o
que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso
Filho, na unidade do Espírito Santo.
EVANGELHO
(Lucas 7,11-17)
Proclamação
do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas. 7,11
No dia seguinte dirigiu-se Jesus a uma cidade chamada Naim. Iam com ele
diversos discípulos e muito povo.
12 Ao chegar perto da porta da
cidade, eis que levavam um defunto a ser sepultado, filho único de uma viúva;
acompanhava-a muita gente da cidade.
13 Vendo-a o Senhor, movido de
compaixão para com ela, disse-lhe: "Não chores!"
14 E
aproximando-se, tocou no esquife, e os que o levavam pararam. Disse Jesus:
"Moço, eu te ordeno, levanta-te."
15 Sentou-se o que
estivera morto e começou a falar, e Jesus entregou-o à sua mãe.
16 Apoderou-se
de todos o temor, e glorificavam a Deus, dizendo: "Um grande profeta
surgiu entre nós: Deus voltou os olhos para o seu povo".
17 A
notícia deste fato correu por toda a Judéia e por toda a circunvizinhança.
-
Palavra da Salvação.
COMENTÁRIO
Novamente nos deparamos com um dos temas centrais de Lucas: a compaixão de Jesus, ou melhor, a compaixão de Deus manifestada em Jesus. Em qualquer sociedade, em qualquer época, a morte do filho único de uma viúva seria trágica. Mas, na sociedade patriarcal do tempo de Jesus, mais ainda. Pois uma mulher, sem marido e sem filho, seria totalmente desamparada, sem segurança qualquer. “Ao vê-la, o Senhor teve compaixão dela” (v. 13).
Ele nem a conhecia, não sabia se
era ‘gente boa”, “gente de fé”, ou não. Bastava ver o seu sofrimento para que
Jesus sentisse compaixão dela. Lucas aqui desafia a todos nós para que
superemos o moralismo e a mania de julgar, para simplesmente ver as pessoas com
os seus sofrimentos, como Jesus as vê; para termos “coração de carne e não
coração de pedra” (Ez 36, 26). Peçamos este dom - pois realmente é uma graça de
Deus!
Jesus disse-lhe “Não chore!” Quantas
vezes ouvimos estas palavras de “pano quente” dirigidas às pessoas sofridas,
para que escondam o seu pranto e parem de nos incomodar. Mas, na boca de Jesus,
não são meras palavras paliativas; mas, garantia de esperança! Ele não conforta
com palavras vazias, mas faz o que pode. Tais palavras só têm sentido quando
pronunciadas por pessoas solidárias, que tomam passos concretos para aliviar as
dores alheias.
“E Jesus o entregou à sua mãe” (v. 15b). Com essa frase,
Lucas evoca a figura do Profeta Elias, que devolveu o filho único morto à viúva
de Sarepta (1Rs 17, 23). Nesse gesto de Jesus, feito em solidariedade e com
compaixão, a multidão vê a presença do Deus misericordioso e amoroso:
“Glorificavam a Deus dizendo: “Um grande profeta apareceu entre nós, e Deus
veio visitar o seu povo” (v. 16).
É certo que nós não temos poder de
ressuscitar fisicamente os defuntos – mas, podemos lutar pela vida, pela saúde,
contra a morte prematura, em favor de um sistema social adequado de saúde!
Podemos ressuscitar pessoas desanimadas, com palavras de coragem e ânimo: “O
Senhor Javé me deu a capacidade de falar como discípulo, para que eu saiba
ajudar os desanimados com uma palavra de coragem.” (Is 50, 4)
Podemos sentir e manifestar
compaixão, ser solidários, ser sinal da presença do Deus de vida. Lucas nos
desafia mais uma vez, para que a nossa vivência cristã leve os sofridos a
dizer: “Realmente Deus visitou o seu povo!”
Nenhum comentário:
Postar um comentário