Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
VIGÉSIMO SÉTIMO DOMINGO COMUM - Ano C
Lucas 17,5-10
Oração do dia
Ó Deus eterno e todo-poderoso, que nos concedeis, no vosso
imenso amor de Pai, mais do que merecemos e pedimos, derramai sobre nós a vossa
misericórdia, perdoando o que nos pesa na consciência e dando-nos mais do que
ousamos pedir. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do
Espírito Santo.
Evangelho (Lucas 17,5-10)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
17,5 Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta-nos a fé!”
6 Disse o Senhor: “Se tiverdes fé como um grão de mostarda,
direis a esta amoreira: ‘Arranca-te e transplanta-te no mar’, e ela vos
obedecerá.
7 Qual de vós, tendo um servo ocupado em lavrar ou em
guardar o gado, quando voltar do campo lhe dirá: ‘Vem depressa sentar-te à
mesa?’
8 E não lhe dirá ao contrário: ‘Prepara-me a ceia, cinge-te
e serve-me, enquanto como e bebo, e depois disto comerás e beberás tu?’
9 E se o servo tiver feito tudo o que lhe ordenara,
porventura fica-lhe o senhor devendo alguma obrigação?
10 Assim também vós, depois de terdes feito tudo o que vos
foi ordenado, dizei: ‘Somos servos como quaisquer outros; fizemos o que
devíamos fazer’”.
Palavra da Salvação.
Comentário ao Evangelho
Lucas reúne nos primeiros dez
versículos deste capítulo diversos dizeres de Jesus sobre algumas atitudes
fundamentais para a vida de quem quer segui-Lo pelo caminho do discipulado.
Podemos dividir o trecho de hoje em duas partes: vv. 5-7 e vv. 8-10.
A primeira parte trata da questão
da fé inabalável, que deve ser característica do discípulo. Inicia-se o diálogo
com os apóstolos expressando diante de Jesus a sua insegurança quanto à sua fé:
“Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (v. 5). Tal pedido tem
outros ecos nos evangelhos. Faz-nos lembrar do pai do moço epiléptico em
Marcos: “Eu tenho fé, mas ajude a minha falta de fé!” (Mc 9, 24)
É a experiência de todo(a)
discípulo(a) - acreditamos em Jesus, queremos seguir a sua pessoa e o seu
projeto, mas a vida se encarrega de nos demonstrar como é fraca a nossa fé -
quantas caídas, traições, incoerências, recaídas! O único recurso é pedir este
dom gratuito de Deus, que ninguém pode merecer, que é a fé inabalável. Do fundo
no nosso ser gritamos com os Doze: “Aumenta a nossa fé!”
Com a hipérbole (exagero) típica
do oriental, Jesus enfatiza tanto a necessidade da fé quanto a sua força,
através das imagens do grão de mostarda (semente bem pequena), e do sicômoro -
árvore mais ou menos grande que tem um sistema extensivo de raízes: “Se vocês
tivessem fé do tamanho de uma semente de mostarda, poderiam dizer a este
sicômoro: “Arranque-se daí, e plante-se no mar. E ela obedeceria a vocês.” (v.
6)
A segunda parte do trecho fala
sobre a atitude correta de quem tem um ofício ou ministério dentro da
comunidade cristã. Em outros trechos - como 12, 35-37 - Lucas enfatiza a
gratuidade de Deus diante da escolha dos seus discípulos. Aqui temos o outro
lado - a responsabilidade de quem foi chamado sem mérito algum da sua parte.
Mas, o ensinamento não é que os
discípulos não valem nada, nem que o seu trabalho não tem valor. O ponto
central é que o fato de terem desenvolvido bem as suas tarefas e missão não
lhes dá o direito de exigir a graça de Deus, por causa dos seus méritos. Tal
graça é, e sempre será, um dom gratuitamente oferecido.
Hoje nós estamos na mesma
situação dos apóstolos - fomos chamados à fé sem mérito algum da nossa parte.
Agradecendo a Deus por este dom, procuremos sempre mais aprofundar essa fé, não
nos contentando com uma mera adesão intelectual aos dogmas mas assumindo a
nossa parte - a de cumprir bem a missão recebida, sem nos vangloriarmos disso,
pois se nós conseguimos fazer bem as coisas, também é porque podemos contar com
a graça de Deus. Sem falsa humildade, mas também sem vaidade, devemos rezar:
“Somos empregados inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (v. 19)
Salmo 94/95
Não fecheis o coração; ouvi vosso Deus!
Vinde, exultemos de alegria no Senhor,
aclamemos o rochedo que nos salva!
Ao seu encontro, caminhemos com louvores
e, com cantos de alegria, o celebremos!
Não fecheis o coração; ouvi vosso Deus!
Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra,
e ajoelhemos ante o Deus que nos criou!
Porque ele é o nosso Deus, nosso pastor,
e nós somos o seu povo e seu rebanho,
as ovelhas que conduz com sua mão.
Não fecheis o coração; ouvi vosso Deus!
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
“Não fecheis os corações como em Meriba,
como em Massa, no deserto, aquele dia,
em que outrora vossos pais me provocaram,
apesar de terem visto as minhas obras”.
Não fecheis o coração; ouvi vosso Deus!
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