sábado, 9 de novembro de 2013

33º DOMINGO COMUM - Ano C


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD


33º DOMINGO COMUM - Ano C


Lucas 21,5-19
Cuidado para que vocês não sejam enganados

Oração do dia
Senhor nosso Deus, fazei que a nossa alegria consista em vos servir de todo o coração, pois só teremos felicidade completa servindo a vós, o criador de todas as coisas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

EVANGELHO (Lucas 21,5-19)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas. Naquele tempo:  21,5 Como lhe chamassem a atenção para a construção do templo feito de belas pedras e recamado de ricos donativos, Jesus disse: 
6 “Dias virão em que destas coisas que vedes não ficará pedra sobre pedra: tudo será destruído”. 
7 Então o interrogaram: “Mestre, quando acontecerá isso? E que sinal haverá para saber-se que isso se vai cumprir?” 
8 Jesus respondeu: “Vede que não sejais enganados. Muitos virão em meu nome, dizendo: ‘Sou eu’; e ainda: ‘O tempo está próximo’. Não sigais após eles. 
9 Quando ouvirdes falar de guerras e de tumultos, não vos assusteis; porque é necessário que isso aconteça primeiro, mas não virá logo o fim”. 
10 Disse-lhes também: “Levantar-se-ão nação contra nação e reino contra reino. 
11 Haverá grandes terremotos por várias partes, fomes e pestes, e aparecerão fenômenos espantosos no céu. 
12 Mas, antes de tudo isso, vos lançarão as mãos e vos perseguirão, entregando-vos às sinagogas e aos cárceres, levando-vos à presença dos reis e dos governadores, por causa de mim. 
13 Isto vos acontecerá para que vos sirva de testemunho. 
14 Gravai bem no vosso espírito de não preparar vossa defesa, 
15 porque eu vos darei uma palavra cheia de sabedoria, à qual não poderão resistir nem contradizer os vossos adversários. 
16 Sereis entregues até por vossos pais, vossos irmãos, vossos parentes e vossos amigos, e matarão muitos de vós. 
17 Sereis odiados por todos por causa do meu nome. 
18 Entretanto, não se perderá um só cabelo da vossa cabeça. 
19 É pela vossa constância que alcançareis a vossa salvação”.  - Palavra da Salvação.

COMENTÁRIO
Chegando ao fim do ano litúrgico, encontramos uma das passagens chamadas “apocalípticas” de Lucas. É um texto realmente complexo, que olha em duas direções: lendo o que foi escrito pelo ano 85, o leitor pode olhar para trás para 19, 47 - 21,4, e ver a consequência da rejeição de Jesus e do seu ensinamento pelos líderes do Templo (a destruição do Templo pelos Romanos sob Tito no ano 70 d.C); também o leitor pode olhar além dos eventos de Lucas 22-23 e ver a vindicação do Filho do Homem por Deus, e o fortalecimento por Jesus dos seus discípulos, que serão perseguidos por sua fidelidade a Ele. A passagem (que na realidade continua até v. 38) pode ser dividida da seguinte maneira:
1) Introdução (vv. 5-7)
2) Exortação inicial (vv. 8-9)
3) Desastres cósmicos (vv. 10-11)
4) Eventos que precederão o fim do mundo - cristãos serão perseguidos; (vv. 12-19); a destruição de Jerusalém (vv. 20-24).
5) Desastres cósmicos (vv. 25-33)
6) Exortação final (vv. 34-36)
7) Inclusão com 19, 47-48 (vv. 36-38)
Esse esquema mostra como, no texto, os eventos do fim do mundo são relacionados à destruição de Jerusalém, e assim sublinha a mensagem cristológica: a crise que Jerusalém enfrentou no ministério de Jesus é uma previsão da crise que Ele e a Sua mensagem, e especialmente a Sua vinda como o Filho do Homem, trarão a “todos aqueles que habitam a face de toda a terra” (v. 35).
Um termo que perpassa o texto a partir do v. 7 é “estas coisas”. Este termo muda de referências durante a passagem - da destruição do Templo para a destruição de Jerusalém para a destruição do mundo todo.
Os discípulos devem cuidar para não serem enganados por falsos Messias! E não devem impressionar-se com guerras, revoluções ou outros eventos estrondosos. Uma advertência que vale muito para os dias de hoje! É só lembrar algumas reações fundamentalistas diante dos eventos mais chocantes nos dias de hoje! Quantos falsos Messias, quanto pavor, quantos profetas de destruição! Mas não é ainda o fim.
A partir de versículo 12, Jesus procura animar os seus discípulos, para que possam aguentar a perseguição futura (que na verdade já estava começando no tempo de Lucas). E a perseguição não viria somente da parte das autoridades do Império (a de Nero já tinha acontecido quase vinte anos antes, na cidade de Roma). Os próprios pais, parentes e amigos tornar-se-iam perseguidores. Realmente isso aconteceria a partir do ano 85, quando o judaísmo se reorganizou na forma rabínica, com o Sínodo de Jâmnia. A partir de então, crescia o racha entre cristãos e judeus, com os primeiros sendo expulsos da sinagoga, e vistos como traidores do seu povo, da sua herança, da sua fé javista. Com certeza, no tempo de Lucas, muitos já estavam vacilando diante dessa situação de insegurança e perigo, e por isso o evangelista destaca tanto a exortação de Jesus à perseverança e confiança.

A situação nossa de hoje é bem diferente - nós não formamos uma minoria perseguida! Mas a mensagem permanece válida - ser cristão implica carregar a cruz! Não é possível servir Jesus e os valores desta sociedade consumista e excludente! Ser cristão é muitas vezes andar na contramão da sociedade, e acarreta necessariamente conflitos com um mundo regido por outros valores. Uma Igreja acomodada, que não incomoda a sociedade vigente, não seria Igreja do seguimento fiel de Jesus. (As falas e ações do atual Papa já estão incomodando muita gente, pois demonstram que o seguimento de Jesus exige ações concretas que nos põe em choque com a sociedade dominante e questiona uma prática religiosa alienada e alienante!) Como é tentador buscar uma religião só de consolo e prática individual - uma religião que a sociedade até estimula, pois relega o Evangelho à esfera do íntimo, e tira dele a sua força transformadora. Lucas não nos deixa esquecer que a fé em Jesus é altamente perigosa, pois não se conforma com o mal, e por isso mesmo exige o seguimento de Jesus “no caminho” - até Jerusalém, a cruz - e a Ressurreição.

Salmo - Sl 97/98
  
R. O Senhor virá julgar a terra inteira;
com justiça julgará.

Cantai salmos ao Senhor ao som da harpa*
e da cítara suave!
Aclamai, com os clarins e as trombetas,*
ao Senhor, o nosso Rei! R.

R. O Senhor virá julgar a terra inteira;
com justiça julgará.

Aplauda o mar com todo ser que nele vive,*
o mundo inteiro e toda gente!
As montanhas e os rios batam palmas*
e exultem de alegria. R.

R. O Senhor virá julgar a terra inteira;
com justiça julgará.

Exultem na presença do Senhor, pois ele vem,*
vem julgar a terra inteira.
Julgará o universo com justiça*
e as nações com eqüidade. R.

R. O Senhor virá julgar a terra inteira;
com justiça julgará.




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