quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

DOMINGO DE PÁSCOA


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD


DOMINGO DE PÁSCOA
Jo 20, 1-9
Ele viu e acreditou” 


Oração do dia
Ó Deus, por vosso filho unigênito, vencedor da morte, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concede que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Leitura do Evangelho (Jo 20,1-9)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João - 20,1 No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. 
2 Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: “Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!” 
3 Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. 
4 Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. 
5 Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou. 
6 Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. 
7 Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. 
8 Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. 
9 Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos. 
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

COMENTÁRIO
Os quatro evangelhos relatam os acontecimentos do Dia da Ressurreição, cada um de acordo com as suas tradições e visão teológica. Mas, certos elementos são comuns a todos: o fato do túmulo vazio, que as primeiras testemunhas eram as mulheres (embora divirjam quanto ao seu número e identidade e o motivo da sua ida ao túmulo - para ungir o corpo, ou para vigiar e lamentar), e que uma delas era Maria Madalena. Podemos tirar disso a conclusão que as mulheres tinham lugar muito importante entre o grupo dos discípulos de Jesus, e que elas eram mais fiéis do que os homens, seguindo Jesus até a Cruz e além dela! Infelizmente, outras gerações fizeram questão de diminuir a importância das discípulas na Tradição - e a Igreja sofre até hoje as consequências.
Fica claro que ninguém esperava a Ressurreição. Para os Doze, especialmente, a Cruz era o fim da esperança, a maior desilusão possível. Se somarmos a isso o fato de que todos eles traíram Jesus (por revolta, por dinheiro, ou por covardia), podemos imaginar o ambiente pesado entre eles na manhã do Domingo. Nesse meio, chegou Maria Madalena com a notícia de que o túmulo estava vazio - e ela, naturalmente, pensava que o corpo tivesse sido roubado. Ressurreição - nem pensar!
No nosso texto, Pedro (que tem um papel importante nos textos pós-ressurrecionais) e o Discípulo Amado (anônimo, mas quase certamente não um dos Doze, conforme os maiores exegetas) correm até o túmulo. O texto deixa entrever a tensão histórica que existia entre a comunidade do Discípulo Amado e a comunidade apostólica (representada por Pedro). Pois, o Discípulo Amado espera por Pedro (reconhece a sua primazia), mas enquanto Pedro vê sem acreditar, o Discípulo Amado acredita. No Quarto Evangelho, Pedro só realmente vai conseguir amar Jesus no Capítulo 21, enquanto o Discípulo Amado é o tal desde Capítulo 13. Só quem olha com os olhos do coração, do amor, penetra além das aparências!
Como na história dos Discípulos de Emaús (Lc 24, 13-36), o texto demonstra que a nossa fé não pode estar baseada em um túmulo vazio! Não é o túmulo vazio que fundamenta a nossa fé na Ressurreição, mas o contrário - é a experiência da presença de Jesus Ressuscitado que explica porque o túmulo está vazio! Cuidemos de não procurar bases falsas para a nossa fé no Ressuscitado!
Hoje em dia, quando olhamos para o mundo ao nosso redor, é fácil não acreditar na vitória da vida sobre a morte. Há tanto sofrimento e injustiça - guerra, violência, corrupção endêmica, pobreza exagerada, terremotos, desastres e tragédias como a de Santa Maria (RS) poucos anos atrás, etc! Só uma experiência profunda da presença de Jesus libertador no meio da comunidade poderá nos sustentar na luta por um mundo melhor, com fé na vitória final do bem sobre o mal, da luz sobre as trevas, da graça sobre o pecado! Nós todos somos “discípulos amados”, pois “nada nos separa do amor e Deus em Jesus Cristo” (Rm 8), mas será que somos “discípulos amantes”? Será que amamos a Jesus e ao próximo? Lembramos que o amor proposto pelo Evangelho, não é um sentimento, mas uma atitude de vida, de solidariedade, de partilha, de justiça. “O amor consiste no seguinte: não fomos nós que amamos a Deus; mas, foi Ele que nos amou, e nos enviou o seu Filho como vítima expiatória por nossos pecados. Se Deus nos amou a tal ponto, também nós devemos amar-nos uns aos outros” (1Jo 4, 10-11).
Que a mensagem da Ressurreição, da vitória da vida sobre a morte, nos anime e dê força, especialmente quando a Cruz pesar muito em nossas vidas! Aleluia!


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