quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

2º DOMINGO DA QUARESMA - Ano C




Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD



SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA - Ano C
Lc 9, 28-36
"Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutem o que ele diz!"
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas. 9,28 Passados uns oitos dias, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar. 
29Enquanto orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura. 
30E eis que falavam com ele dois personagens: eram Moisés e Elias, 
31que apareceram envoltos em glória, e falavam da morte dele, que se havia de cumprir em Jerusalém. 
32Entretanto, Pedro e seus companheiros tinham-se deixado vencer pelo sono; ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois personagens em sua companhia. 
33Quando estes se apartaram de Jesus, Pedro disse: "Mestre, é bom estarmos aqui. Podemos levantar três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias!" Ele não sabia o que dizia. 
34Enquanto ainda assim falava, veio uma nuvem e encobriu-os com a sua sombra; e os discípulos, vendo-os desaparecer na nuvem, tiveram um grande pavor. 
35Então da nuvem saiu uma voz: "Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o!" 
36E, enquanto ainda ressoava esta voz, achou-se Jesus sozinho. Os discípulos calaram-se e a ninguém disseram naqueles dias coisa alguma do que tinham visto. 
- Palavra da Salvação.

O nosso texto de hoje vem logo após o diálogo com Pedro e os discípulos, na estrada de Cesaréia de Filipe, sobre quem era Jesus e como deveria ser o seu seguimento: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga” (9, 23). Começando a passagem com as palavras: “oito dias após dizer essas palavras”, Lucas quer ligar estreitamente o texto com a mensagem anterior sobre o seguimento de Jesus até a cruz.

O texto destaca um aspecto de Jesus que é muito caro a Lucas - o fato que Ele era um homem de oração. Neste momento Ele “subiu à montanha para rezar” (v. 28). Durante a oração, aparecem Moisés e Elias, símbolos da Lei e dos Profetas, duas das figuras mais importantes do Antigo Testamento. Assim, Lucas mostra que Jesus está em continuidade com as Escrituras, isso é, o caminho que Jesus segue está de acordo com a vontade de Deus. Os dois personagens, tanto Moisés como Elias, eram profetas rejeitados e perseguidos no seu tempo - Lucas aqui vislumbra o destino de Jesus, de ser rejeitado, mas também de ser vindicado por Deus. Pedro, ao despertar do sono, faz uma sugestão descabida: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, uma outra para Moisés e outra para Elias” (v. 33). Claro, era bom ficar ali, em um momento místico, longe do dia-a-dia, da caminhada, das dúvidas, dos desentendimentos, da luta. Quem não quereria? Mas não era uma sugestão que Jesus pudesse aceitar. Terminado o momento de revelação, “Jesus estava sozinho” e no dia seguinte “desceram da montanha” (v. 37). Por tão gostoso que seja ficar no Monte Tabor, é preciso descer para enfrentar o caminho até o Monte Calvário! A experiência da Transfiguração está intimamente ligada com a experiência da Cruz! Quem sabe, talvez a experiência do Tabor desse a Jesus a coragem necessária para aguentar a experiência bem dolorida do Calvário!
Aplicando o texto e a sua mensagem a todos os cristãos, podemos deduzir que todos precisam subir o Monte Tabor para serem transfigurados, para depois descerem para “lavar os pés” dos irmãos e irmãs! Todos nós, seja qual for a nossa vocação, precisamos de momentos de oração profunda, de união especial com Deus. Isso torna-se cada vez mais importante no mundo atual de ritmo quase frenético, de estresse e correria. Temos que descobrir como criar espaços de tempo para respirarmos mais profundamente a presença de Deus, para renovarmos as nossas forças e o nosso ânimo. Estas experiências não devem ser “intimistas”; pelo contrário, devem aprofundar a nossa fé e o nosso seguimento, para que possamos seguir o exemplo d’Aquele que lavou os pés dos discípulos: “Eu, que sou o Mestre e o Senhor, lavei os seus pés; por isso vocês devem lavar os pés uns dos outros” (Jo 13, 14).
Esse trecho pode nos ensinar a valorizar os momentos de “Tabor”, os momentos de paz, de reflexão, de oração. Pois, se formos coerentes com a nossa fé, teremos muitas vezes de fazer a experiência de “Calvário”! Somos fracos demais para aguentar esta experiência contando somente com as nossas próprias forças e recursos humanos - por isso, busquemos forças na oração, na Palavra de Deus, na meditação - sempre para que possamos retomar o caminho, como fizerem Jesus e os três discípulos! Para os momentos de dúvida e dificuldade, o texto nos traz o conselho melhor possível, através da voz que saiu da nuvem: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutem o que ele diz!” (v. 35). Façamos isso, e venceremos os nossos Calvários!

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