Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
SEGUNDO DOMINGO DA QUARESMA - Ano C
Lc 9,
28-36
"Este é o meu Filho, o
Escolhido. Escutem o que ele diz!"
Proclamação do Evangelho de
Jesus Cristo segundo Lucas. 9,28 Passados uns oitos dias, Jesus
tomou consigo Pedro, Tiago e João, e subiu ao monte para orar.
29Enquanto
orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes
de brancura.
30E eis que falavam com ele dois personagens: eram
Moisés e Elias,
31que apareceram envoltos em glória, e falavam da
morte dele, que se havia de cumprir em Jerusalém.
32Entretanto,
Pedro e seus companheiros tinham-se deixado vencer pelo sono; ao despertarem,
viram a glória de Jesus e os dois personagens em sua companhia.
33Quando
estes se apartaram de Jesus, Pedro disse: "Mestre, é bom estarmos aqui.
Podemos levantar três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para
Elias!" Ele não sabia o que dizia.
34Enquanto ainda assim
falava, veio uma nuvem e encobriu-os com a sua sombra; e os discípulos,
vendo-os desaparecer na nuvem, tiveram um grande pavor.
35Então da
nuvem saiu uma voz: "Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o!"
36E,
enquanto ainda ressoava esta voz, achou-se Jesus sozinho. Os discípulos
calaram-se e a ninguém disseram naqueles dias coisa alguma do que tinham visto.
- Palavra da Salvação.
O nosso texto de hoje vem logo após o diálogo com Pedro e os discípulos, na estrada de Cesaréia de Filipe, sobre quem era Jesus e como deveria ser o seu seguimento: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga” (9, 23). Começando a passagem com as palavras: “oito dias após dizer essas palavras”, Lucas quer ligar estreitamente o texto com a mensagem anterior sobre o seguimento de Jesus até a cruz.
O nosso texto de hoje vem logo após o diálogo com Pedro e os discípulos, na estrada de Cesaréia de Filipe, sobre quem era Jesus e como deveria ser o seu seguimento: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome cada dia a sua cruz, e me siga” (9, 23). Começando a passagem com as palavras: “oito dias após dizer essas palavras”, Lucas quer ligar estreitamente o texto com a mensagem anterior sobre o seguimento de Jesus até a cruz.
O texto destaca um aspecto de Jesus
que é muito caro a Lucas - o fato que Ele era um homem de oração. Neste momento
Ele “subiu à montanha para rezar” (v. 28). Durante a oração, aparecem Moisés e
Elias, símbolos da Lei e dos Profetas, duas das figuras mais importantes do
Antigo Testamento. Assim, Lucas mostra que Jesus está em continuidade com as
Escrituras, isso é, o caminho que Jesus segue está de acordo com a vontade de
Deus. Os dois personagens, tanto Moisés como Elias, eram profetas rejeitados e
perseguidos no seu tempo - Lucas aqui vislumbra o destino de Jesus, de ser
rejeitado, mas também de ser vindicado por Deus. Pedro, ao despertar do sono,
faz uma sugestão descabida: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três
tendas: uma para ti, uma outra para Moisés e outra para Elias” (v. 33). Claro, era
bom ficar ali, em um momento místico, longe do dia-a-dia, da caminhada, das
dúvidas, dos desentendimentos, da luta. Quem não quereria? Mas não era uma
sugestão que Jesus pudesse aceitar. Terminado o momento de revelação, “Jesus
estava sozinho” e no dia seguinte “desceram da montanha” (v. 37). Por tão
gostoso que seja ficar no Monte Tabor, é preciso descer para enfrentar o
caminho até o Monte Calvário! A experiência da Transfiguração está intimamente
ligada com a experiência da Cruz! Quem sabe, talvez a experiência do Tabor
desse a Jesus a coragem necessária para aguentar a experiência bem dolorida do
Calvário!
Aplicando o texto e a sua mensagem a
todos os cristãos, podemos deduzir que todos precisam subir o Monte Tabor para
serem transfigurados, para depois descerem para “lavar os pés” dos irmãos e
irmãs! Todos nós, seja qual for a nossa vocação, precisamos de momentos de
oração profunda, de união especial com Deus. Isso torna-se cada vez mais
importante no mundo atual de ritmo quase frenético, de estresse e correria.
Temos que descobrir como criar espaços de tempo para respirarmos mais
profundamente a presença de Deus, para renovarmos as nossas forças e o nosso
ânimo. Estas experiências não devem ser “intimistas”; pelo contrário, devem
aprofundar a nossa fé e o nosso seguimento, para que possamos seguir o exemplo
d’Aquele que lavou os pés dos discípulos: “Eu, que sou o Mestre e o Senhor,
lavei os seus pés; por isso vocês devem lavar os pés uns dos outros” (Jo 13,
14).
Esse trecho pode nos ensinar a
valorizar os momentos de “Tabor”, os momentos de paz, de reflexão, de oração.
Pois, se formos coerentes com a nossa fé, teremos muitas vezes de fazer a
experiência de “Calvário”! Somos fracos demais para aguentar esta experiência
contando somente com as nossas próprias forças e recursos humanos - por isso,
busquemos forças na oração, na Palavra de Deus, na meditação - sempre para que
possamos retomar o caminho, como fizerem Jesus e os três discípulos! Para os
momentos de dúvida e dificuldade, o texto nos traz o conselho melhor possível,
através da voz que saiu da nuvem: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutem o
que ele diz!” (v. 35). Façamos isso, e venceremos os nossos Calvários!
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