terça-feira, 1 de janeiro de 2013

2º DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C


Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD


SEGUNDO DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C
Jo 2,1-11
"Façam tudo o que ele lhes disser"



Oração do dia

Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Evangelho (João 2,1-11)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.
2,1 Três dias depois, celebravam-se bodas em Caná da Galiléia, e achava-se ali a mãe de Jesus.
2 Também foram convidados Jesus e os seus discípulos.
3 Como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: Eles já não têm vinho.
4 Respondeu-lhe Jesus: “Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou”.
5 Disse, então, sua mãe aos serventes: “Fazei o que ele vos disser”.
6 Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos judeus, que continham cada qual duas ou três medidas.
7 Jesus ordena-lhes: “Enchei as talhas de água”. Eles encheram-nas até em cima.
8 “Tirai agora”, disse-lhes Jesus, e levai ao chefe dos serventes. E levaram.
9 Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo de onde era (se bem que o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água), chamou o noivo
10 e disse-lhe: “É costume servir primeiro o vinho bom e, depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o menos bom. Mas tu guardaste o vinho melhor até agora”.
11 Este foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galiléia. Manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele.
Palavra da Salvação.

Comentário ao Evangelho 
A primeira parte do Quarto Evangelho é comumente chamada “O Livro dos Sinais”, pois o evangelista relata uma série de sete sinais que, passo por passo, revelam quem é Jesus, e qual é a Sua missão. Embora algumas bíblias traduzem o termo grego que João usa por “milagre”, a tradução mais acertada é “Sinal”. O primeiro desses sinais aconteceu no contexto das bodas de Caná, o evangelho de hoje. Como todo o Evangelho de João, o relato está carregado de simbolismo, onde pessoas, números e eventos funcionam simbolicamente, para nos levar além da aparência das coisas, numa caminhada de descoberta sobre a pessoa de Jesus.

Um dos temas centrais do quarto evangelho é o da “hora” de Jesus. A “hora” não se refere à cronometria, mas a hora de glorificação de Jesus, por sua morte e ressurreição. Em resposta ao pedido feito por Maria (João nunca se refere a Ela pelo nome, mas pelo título “mulher”), usando de uma maneira até estranha este termo para a sua mãe, João quer indicar que Jesus rejeita uma esfera meramente humana de ação para Maria, para reservar para ela um papel muito mais rico, ou seja, o da mãe dos seus discípulos. Maria somente vai aparecer mais uma vez neste evangelho - ao pé da cruz, onde Ela e o Discípulo Amado assumem um relacionamento de Filho e Mãe. Devemos lembrar que o Discípulo Amado simboliza a comunidade dos discípulos do Senhor, ou seja, nós hoje.
Apesar da nossa tradição piedosa mariana, é importante não reduzir a ação da Maria no texto à de uma incomparável intercessora. Embora seja comum esta interpretação na devoção popular, não se sustenta do ponto de vista exegético. É melhor ver Maria aqui como discípula exemplar, pois embora a resposta de Jesus indique um distanciamento entre a Sua expectativa e a visão d’Ele, ela continua com confiança n’Ele e leva outros a acreditar n’Ele.
O simbolismo da água tornada vinho é também importante. Não era qualquer água - era a água da purificação dos judeus. Com essa história, João quer mostrar que doravante os ritos judaicos de purificação estão superados, pois a verdadeira purificação vem através de Jesus. Podemos entender isso como a mudança de uma prática religiosa baseada no medo do pecado, uma prática que excluía muita gente, para uma nova relação entre Deus e a humanidade, a partir de Jesus. Assim, em Caná, Jesus começa a substituir as práticas do judaísmo do Templo, que vai continuar ao longo do Evangelho de João.
A quantia do vinho chama a atenção - 600 litros! O vinho em abundância era símbolo dos tempos messiânicos, e, na tradição rabínica, a chegada do Messias seria marcada por uma colheita abundante de uvas. Assim João quer dizer que a expectativa messiânica se realiza em Jesus. As talhas transbordantes simbolizam a graça abundante que Jesus traz. A figura do mestre-sala é também simbólica, bem como os serventes. Aquele, que devia saber a origem do vinho da festa, não sabia, enquanto estes, sim. Assim, o mestre-sala representa os chefes do Templo que não sabiam a origem de Jesus enquanto os servos representam os discípulos que acreditaram n’Ele.
Fazendo comparação entre o vinho antigo e o novo, João quer reconhecer que a Antiga Aliança era boa, mas a Nova a superou. Os ritos e práticas judaicos, ligados à purificação e ao sacrifício, não têm mais sentido, pois uma nova era de relacionamento entre a humanidade e Deus começou em Jesus.
O ponto culminante do relato está em v. 11: “Foi em Caná que Jesus começou os seus sinais, e os seus discípulos acreditaram n’Ele”. A fé deles não é intelectual ou teórica; mas, o seguimento concreto do Mestre, na formação de novos relacionamentos de amor. Passo por passo, o autor vai revelando Jesus através de sinais para que nós, os leitores, possamos “acreditar que Jesus é o Messias, o Filho de Deus. E para que, acreditando, tenhamos a vida em seu nome” (Jo 20, 31).

Salmo 95/96

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
manifestai os seus prodígios entre os povos!

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
cantai ao Senhor Deus, ó terra inteira!
Cantai e bendizei seu santo nome!

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
manifestai os seus prodígios entre os povos!

Dia após dia anunciai sua salvação,
manifestai a sua glória entre as nações
e, entre os povos do universo, seus prodígios!

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
manifestai os seus prodígios entre os povos!

Ó família das nações, dai ao Senhor,
ó nações, dai ao Senhor poder e glória,
dai-lhe a glória que é devida ao seu nome!
Oferecei um sacrifício nos seus átrios.

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
manifestai os seus prodígios entre os povos!

Adorai-o no esplendor da santidade,
terra inteira, estremecei diante dele!
Publicai entre as nações: “Reina o Senhor!”,
pois os povos ele julga com justiça.

Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
manifestai os seus prodígios entre os povos!



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