Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano C
Lc 4,21-30
"Nenhum
profeta é bem recebido na sua pátria"
Oração
do dia
Concedei-nos, Senhor
nosso Deus, adorar-vos de todo o coração e amar todas as pessoas com verdadeira
caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito
Santo.
Evangelho (Lucas 4,21-30)
PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
Naquele tempo, estando Jesus na sinagoga, começou a dizer: 21“Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”.
22Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?”
23Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”.
24E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria.
25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia.
27E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”.
28Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos.29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho. Palavra da Salvação.
Comentário
Não é fácil entender o desfecho da visita de Jesus a Nazaré, logo após o seu batismo. É muito violenta a mudança de atitude dos Nazarenos - da admiração à fúria. Talvez Lucas tenha unido dois acontecimentos em uma só história. Mas, seja como for, alguns pontos importantes saltam aos olhos.
Naquele tempo, estando Jesus na sinagoga, começou a dizer: 21“Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que acabastes de ouvir”.
22Todos davam testemunho a seu respeito, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca. E diziam: “Não é este o filho de José?”
23Jesus, porém, disse: “Sem dúvida, vós me repetireis o provérbio: Médico, cura-te a ti mesmo. Faze também aqui, em tua terra, tudo o que ouvimos dizer que fizeste em Cafarnaum”.
24E acrescentou: “Em verdade eu vos digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria.
25De fato, eu vos digo: no tempo do profeta Elias, quando não choveu durante três anos e seis meses e houve grande fome em toda a região, havia muitas viúvas em Israel. 26No entanto, a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a uma viúva que vivia em Sarepta, na Sidônia.
27E no tempo do profeta Eliseu, havia muitos leprosos em Israel. Contudo, nenhum deles foi curado, mas sim Naamã, o sírio”.
28Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos.29Levantaram-se e o expulsaram da cidade. Levaram-no até ao alto do monte sobre o qual a cidade estava construída, com a intenção de lançá-lo no precipício. 30Jesus, porém, passando pelo meio deles, continuou o seu caminho. Palavra da Salvação.
Comentário
Não é fácil entender o desfecho da visita de Jesus a Nazaré, logo após o seu batismo. É muito violenta a mudança de atitude dos Nazarenos - da admiração à fúria. Talvez Lucas tenha unido dois acontecimentos em uma só história. Mas, seja como for, alguns pontos importantes saltam aos olhos.
Em primeiro lugar “todos aprovavam
Jesus, admirados com as palavras cheias de encanto que saíam da sua boca” (v.
22). Com certeza, essa reação não foi causada pela oratória de Jesus, nem
porque soubesse usar “artifícios para seduzir os ouvintes” (1Cor 1, 4), como
fazem tantos pregadores e políticos o fazem hoje. Não, foram palavras cheias de
encanto porque brotaram da sua intimidade com o Pai, da sua espiritualidade
profunda, da sua capacidade de compaixão, da coerência entre a sua fala e a sua
vivência. Aqui há um desafio para todos nós - de deixar que sejamos tomados
pela Palavra de Deus, de tal maneira que a nossa palavra não seja mais a nossa,
mas, a manifestação do Espírito que habita em nós. Só assim as nossas palestras
e pregações surtirão efeito. Ao contrário, por tão eloquente que possa ser a
nossa fala, seremos “sinos ruidosos, ou símbolos estridentes” (1Cor 13, 2) -
chamam a atenção, mas não deixam frutos! Como disse em uma ocasião o Papa Bento
XVI, “A Igreja não vive de si, mas do Evangelho e encontra sempre e de novo sua
orientação nele para o seu caminho. É algo que cada cristão tem de ter em conta
e aplicar-se a si mesmo: só quem escuta a Palavra pode converter-se depois em
seu anunciador. Não deve ensinar sua própria sabedoria, mas a sabedoria de
Deus, que com frequência parece estupidez aos olhos do mundo”
A reação dos vizinhos de Nazaré
encontra eco muitas vezes nas comunidades de hoje. É o pobre que não acredita
no pobre! Jesus é rejeitado por ser considerado o filho de José, um simples
carpinteiro de Nazaré. Quantas vezes, hoje, acontece que, em lugar de
incentivar as nossas lideranças das bases, os próprios companheiros de
comunidade os rejeitam por não serem “doutores”, por não saberem “falar
bonito”, como sabem muito bem os nossos exploradores! Parece às vezes que há
gente que sente prazer em destruir as lideranças. Mas, as coisas vão mudar só
quando o pobre começar a acreditar no pobre!
Outro motivo para tal reação, com
certeza, era o fato de Jesus desafiar os preconceitos e comodismo da comunidade
nazarena, usando os exemplos da ação de Deus em favor de um estrangeiro
(Naaman, o sírio) e uma estrangeira (a viúva de Sarepta). Pois, Jesus era um
profeta e o profeta sempre incomoda, pois nos desafia a sair de nossas
fronteiras, e olhar o mundo como Deus o vê. É difícil que alguém goste de ser
incomodado, e por isso preferimos com frequência criar uma religião de ritos e
rituais, com certezas absolutas que nos confirmam na nossa visão do mundo. Mas,
a verdadeira religião não é só de ritos (embora esses tenham grande importância
na celebração da nossa fé). É o seguimento de Jesus, que veio “para que todos/as
tenham a vida e a vida plenamente” (Jo 10, 10), vivenciando a solidariedade e a
fraternidade entre todas as pessoas, sem preconceitos nem exclusões. É triste
ver em tantos lugares hoje que a maior preocupação de muitas Igrejas parece ser
com as minúcias rituais, com um número cada vez maior de normas, decretos e
rubricas, enquanto se ignoram as grandes questões da humanidade, como a
violência, a exploração, a destruição da natureza, o extermínio de indígenas, e
assim por diante. Dificilmente se pode imaginar Jesus de Nazaré agindo assim.
Por isso, talvez se fale tanto nos programas religiosos dos meios de
comunicação só do Cristo glorificado, e tão pouco de Jesus de Nazaré, profeta
perseguido por causa das suas opções concretas em favor dos sofredores, sem
levar em conta a sua raça, religião ou situação social.
Jesus nos dá o exemplo de como
enfrentar estes problemas, diante de críticas e rejeição, quando realmente
tentamos ser coerentes com o Profeta de Nazaré . Ele “continuou o seu caminho”
(Lc 4, 20). É isso mesmo - apesar das críticas, da não-aceitação, das gozações,
o cristão tem que “continuar o seu caminho”. Jesus sofreu com isso, mas não se
abalou, pois a sua convicção não se baseava na opinião, aprovação e aceitação
dos outros, mas na oração, na interiorização da Palavra. Oxalá todos nós
cresçamos neste sentido, seguindo o exemplo do Mestre! Como recomenda a Carta
aos Hebreus: “Para que vocês não se cansem e não percam o ânimo, pensem
atentamente em Jesus, que suportou contra si tão grande hostilidade por parte
dos pecadores.”(Hb 12, 3)
Salmo
70/71
Minha boca anunciará, todos os dias,
vossas graças incontáveis, ó Senhor.
Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor:
que eu não seja envergonhado para
sempre!
Porque sois justo, defendei-me e
libertai-me!
Escutai a minha voz, vinde salvar-me!
Minha boca anunciará, todos os dias,
vossas graças incontáveis, ó Senhor.
Sede uma rocha protetora para mim,
um abrigo bem seguro que me salve!
Porque sois a minha força e meu amparo,
o meu refúgio, proteção e segurança!
Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do
ímpio.
Minha boca anunciará, todos os dias,
vossas graças incontáveis, ó Senhor.
Porque sois, ó Senhor Deus, minha
esperança,
em vós confio desde a minha juventude!
Sois meu apoio desde antes que eu
nascesse,
desde o seio maternal, o meu amparo.
Minha boca anunciará, todos os dias,
vossas graças incontáveis, ó Senhor.
Minha boca anunciará todos os dias
vossa justiça e vossas graças
incontáveis.
Vós me ensinastes desde a minha
juventude,
e até hoje canto as vossas maravilhas.
Minha boca anunciará, todos os dias,
vossas graças incontáveis, ó Senhor.
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