domingo, 7 de julho de 2013

15º DOMINGO COMUM - Ano C



Refletindo o Evangelho do Domingo

Pe. Thomaz Hughes, SVD


DÉCIMO QUINTO DOMINGO COMUM - Ano C
Lucas 10,25-37
Vá, e faça a mesma coisa



Oração do dia
Ó Deus, que mostrais a luz da verdade aos que erram para retomarem o bom caminho, dai a todos os que professam a fé rejeitar o que não convém ao cristão e abraçar tudo o que é digno desse nome. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

EVANGELHO (Lucas 10,25-37)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas. 10,25 Levantou-se um doutor da lei e, para pô-lo à prova, perguntou: "Mestre, que devo fazer para possuir a vida eterna?" 
26 Disse-lhe Jesus: "Que está escrito na lei? Como é que lês?" 
27 Respondeu ele: "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu pensamento; e a teu próximo como a ti mesmo". 
28 Falou-lhe Jesus: "Respondeste bem; faze isto e viverás".
29 Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: "E quem é o meu próximo?" 
30 Jesus então contou: "Um homem descia de Jerusalém a Jericó, e caiu nas mãos de ladrões, que o despojaram; e depois de o terem maltratado com muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o meio morto. 
31 Por acaso desceu pelo mesmo caminho um sacerdote, viu-o e passou adiante. 
32 Igualmente um levita, chegando àquele lugar, viu-o e passou também adiante. 
33 Mas um samaritano que viajava, chegando àquele lugar, viu-o e moveu-se de compaixão. 
34 Aproximando-se, atou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho; colocou-o sobre a sua própria montaria e levou-o a uma hospedaria e tratou dele. 
35 No dia seguinte, tirou dois denários e deu-os ao hospedeiro, dizendo-lhe: 'Trata dele e, quanto gastares a mais, na volta to pagarei'. 
36 Qual destes três parece ter sido o próximo daquele que caiu nas mãos dos ladrões?" 
37 Respondeu o doutor: "Aquele que usou de misericórdia para com ele". Então Jesus lhe disse: "Vai, e faze tu o mesmo".
- Palavra da Salvação.
- Glória a Vós, Senhor!

COMENTÁRIO


A parábola do “Bom Samaritano” talvez seja, junto com a parábola do “Filho Pródigo”, a mais conhecida de todas as parábolas de Jesus. Por isso mesmo, corre o risco de ser banalizada, de não ser levada muito a sério, de ser relegada quase ao nível de folclore religioso. Merece uma atenção mais minuciosa.
A parábola situa-se logo após Jesus ter louvado o Pai por ter “escondido essas coisas aos sábios e inteligentes e revelado aos pequeninos” (Lc 10, 21). Realmente, o primeiro a tentar atrapalhar Jesus é um “sábio e inteligente” - um especialista em leis. Lucas salienta que ele fez a pergunta: “O que devo fazer para receber em herança a vida eterna” (v.25), não porque ele se interessava pela verdade, mas “para tentar Jesus”. Devolvendo a pergunta a ele, Jesus deixa claro que o legista já sabia a resposta: “Ame o Senhor, seu Deus, como todo o seu coração, com toda a sua alma, como toda a sua força e com toda a sua mente; e ao seu próximo como a si mesmo.” Jesus simplesmente diz: “Você respondeu certo. Faça isso e viverá” (v. 28).
Mas, com a petulância típica do pseudo-intelectual, ele insiste, “para se justificar”, com uma segunda pergunta: “E quem é o meu próximo?” (v. 29). Mas, Jesus não cai na cilada de fazer uma discussão teórica e estéril sobre quem seja o próximo - ele logo traz o debate para o nível prático da vivência. Ele conta a parábola do “Bom Samaritano”. Vejamos:
Depois do assalto, passou pela vítima um sacerdote que “viu o homem e passou adiante pelo outro lado” (v. 31). A mesma coisa aconteceu com um levita. Por quê será que esses homens - ligados ao culto judaico - agiram assim? A resposta está nas leis de pureza daquela época. O contato com um defunto, ou com sangue, deixava a pessoa ritualmente impura, isso é, inapta para participar do culto. Como o homem estava coberto de sangue, e talvez morto, os dois não se arriscavam a tocar nele, pois, para eles o culto religioso era mais importante do que a misericórdia para com uma pessoa sofrida. Não era, em si, uma atitude somente pessoal de duas pessoas maldosas, mas demonstra uma tentação permanente de pessoas ligadas ao culto e o mundo tido como “sagrado” - o perigo de viver alienadas do mundo real, onde as pessoas vivem, sofrem, e lutam todos os dias.
Entra em cena um samaritano. A religião dele era considerada como cheia de deformações e ignorância pelo judaísmo oficial, pois desde a invasão da Assíria em 721 a.C, a prática religiosa do povo samaritano tinha sido contaminada por religiões pagãs (2Rs 17, 24-31). Mas, quando ele vê o sofrimento alheio, ele não pensa em discussões teológicas sobre pureza, mas parte para uma ajuda prática, com misericórdia.
Terminando a história, Jesus devolve a pergunta ao especialista em leis - mas faz uma mudança fundamental! Não faz a pergunta teórica “quem é o meu próximo”, mas uma pergunta prática “quem se fez próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?” A primeira pergunta só levaria a uma discussão vazia; a de Jesus leva a uma mudança de prática vivencial.
Forçado a reconhecer que quem se fez próximo do sofredor era o samaritano, o legista ouviu da boca de Jesus a conclusão: “Vá e faça a mesma coisa” (v. 37).
Com essa parábola, Jesus quer ensinar que nada, nem o culto, tem prioridade sobre a ajuda a uma pessoa necessitada. A religião de Jesus não é teoria, é prática de misericórdia, pois, Deus é misericordioso. Como diz o Evangelho de Mateus, baseando-se em Oséias 6, 6: “Aprendam, pois, o que significa: “Eu quero a misericórdia e não o sacrifício”. Porque, eu não vim chamar justos, e sim pecadores”(Mt 9, 13). O legista já sabia a orientação da Escritura, mas tentava escapar das suas consequências, criando discussões inúteis. Nós também sabemos o que diz a Bíblia, - não tentemos esvaziá-la com debates estéreis sobre quem é “o pobre”, “o aflito”, “o próximo”, “o bom”. Façamos o que Jesus ensina nessa parábola “e viveremos”.



Salmo 68/69

Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos:
o vosso coração reviverá!

Por isso elevo para vós minha oração
Neste tempo favorável, Senhor Deus!
Respondei-me e pelo vosso imenso amor,
Pela vossa salvação que nunca falha!
Senhor, ouvi-me, pois suave é vossa graça,
Ponde os olhos sobre mim com grande amor!

Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos:
o vosso coração reviverá!

Pobre de mim, sou infeliz e sofredor!
Que vosso auxílio me levante, Senhor Deus!
Cantando, eu louvarei o vosso nome
E, agradecido, exultarei de alegria!

Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos:
o vosso coração reviverá!

Humildes, vede isto e alegrai-vos:
O vosso coração reviverá
Se procurardes o Senhor continuamente!
Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres
E não despreza o clamor de seus cativos.

Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos:
o vosso coração reviverá!

Sim, Deus virá e salvará Jerusalém,
Reconstruindo as cidades de Judá.
A descendência de seus servos há de herdá-las,
E os que amam o santo nome do Senhor
Dentro delas fixarão sua morada!

Humildes, buscai a Deus e alegrai-vos:
o vosso coração reviverá!







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