Refletindo o Evangelho do Domingo
Pe. Thomaz Hughes, SVD
DÉCIMO SÉTIMO DOMINGO COMUM - Ano C
Lucas 11,1-13
Oração do dia
Ó Deus, sois o amparo dos que em
vós esperam e, sem vosso auxílio, ninguém é forte, ninguém é santo; redobrai de
amor para conosco, para que, conduzidos por vós, usemos de tal modo os bens que
passam, que possamos abraçar os que não passam. Por Nosso Senhor Jesus Cristo,
Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
EVANGELHO (Lucas 11,1-13)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
— 11,1 Um dia, num certo lugar,
estava Jesus a rezar. Terminando a oração, disse-lhe um de seus discípulos:
"Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos".
2 Disse-lhes ele, então: "Quando orardes, dizei: Pai,
santificado seja o vosso nome; venha o vosso Reino;
3 dai-nos hoje
o pão necessário ao nosso sustento;
4 perdoai-nos os nossos
pecados, pois também nós perdoamos àqueles que nos ofenderam; e não nos deixeis
cair em tentação".
5 Em seguida, ele continuou: Se alguém de
vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: "Amigo,
empresta-me três pães,
6 pois um amigo meu acaba de chegar à minha
casa, de uma viagem, e não tenho nada para lhe oferecer;
7 e se ele
responder lá de dentro: 'Não me incomodes; a porta já está fechada, meus filhos
e eu estamos deitados; não posso levantar-me para te dar os pães';
8
eu vos digo: no caso de não se levantar para lhe dar os pães por ser seu amigo,
certamente por causa da sua importunação se levantará e lhe dará quantos pães
necessitar.
9 E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e
achareis; batei, e abrir-se-vos-á.
10 Pois todo aquele que pede,
recebe; aquele que procura, acha; e ao que bater, se lhe abrirá.
11
Se um filho pedir um pão, qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se ele
pedir um peixe, acaso lhe dará uma serpente?
12 Ou se lhe pedir um
ovo, dar-lhe-á porventura um escorpião?
13 Se vós, pois, sendo
maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial
dará o Espírito Santo aos que lho pedirem".
- Palavra da Salvação. COMENTÁRIO
O nosso texto de hoje nos traz o ensinamento da Oração do
Senhor, na versão Lucana (Lucas). O Novo Testamento nos traz duas versões desta
oração - por sinal a única oração que o Senhor nos ensinou: Lucas 11, 2-4 e
Mateus 6, 9-13. Normalmente os cristãos rezam na forma mateana (Mateus), com
sete petições e sem doxologia (oração de louvor). A versão lucana só tem cinco
petições. A forma usada na Missa acrescenta a doxologia “porque Vosso é o
Reino, o Poder e a Glória para sempre”, baseada no texto trazido pela Didaché
- um documento cristão do início do segundo século. Alguns estudiosos explicam
as duas formas pelo fato que Lucas e Mateus estavam se dirigindo a comunidades
diferentes, com tradições diferentes. Mateus se dirigia a pessoas que tinham o
costume de rezar, mas que estavam correndo o risco de orar de uma maneira muita
formal e rotineira (judeu-cristãos), enquanto Lucas estava escrevendo para
pessoas recém-convertidas (gentio-cristãos) e que precisavam aprender, talvez
pela primeira vez, a rezar continuamente.
Embora não haja unanimidade entre exegetas sobre qual é a forma
mais original, parece que o consenso tende em favor da versão Lucana. A versão
mateana apresenta a forma mais litúrgica do seu uso (p. ex. “Pai Nosso” em
lugar do simples “Pai”), mas na verdade não há diferença essencial entre as
duas versões. Baseando-nos no trabalho de um exegeta alemão, Joaquim Jeremias,
propomos a seguinte versão como a mais aproximada às palavras aramaicas de
Jesus (devemos sempre lembrar que Jesus falava em aramaico, os evangelhos foram
escritos em grego, e nós os lemos em português!):
“Querido Pai, santificado seja o Teu nome; venha o Teu Reino; o
pão nosso de amanhã nos dá hoje; perdoa-nos as nossas dívidas, como queremos
perdoar os nossos devedores, e não nos deixes sucumbir à Tentação”.
Seguindo este autor, tratamos a oração como uma “oração
escatalógica”, ou seja a oração da comunidade cristã que experimenta o Reino
como uma realidade já presente, mas que espera e pede a sua consumação final.
Uma chave para a compreensão lucana da Oração do Senhor, nós
encontramos no primeiro versículo do texto: “Um dia, Jesus estava rezando num
certo lugar. Quando terminou, um dos discípulos pediu: “Senhor, ensina-nos a
rezar, como também João ensinou os discípulos dele” (Lc 11, 1). Essa frase nos
faz lembrar que muitos grupos religiosos do tempo de Jesus tinham uma oração
que identificasse os seus discípulos, como por exemplo, os Essênios, os
Fariseus e os Batistas. Então, o discípulo de Jesus pede uma oração que pudesse
identificar o seu programa de vida, como discípulos de Jesus. Aí, podemos ver a
Oração do Senhor como mais do que uma oração - como um “manifesto” da nossa
proposta de vivência da nossa fé. Vejamos mais de perto o texto:
1. “Querido Pai” (ABBÁ):
É possível que muita gente tenha dificuldade em rezar o “Pai
Nosso” por causa da sua experiência com o seu próprio pai. Se nós tivemos um
pai carinhoso, com quem desde criança nós nos sentíamos bem, então teremos
facilidade de rezar a Deus como “Pai”. Mas se o nosso pai era pessoa dura,
ameaçadora, sem expressão de carinho, então podemos ter mais dificuldade em
poder nos relacionar com Deus como “Pai Nosso”. Outras pessoas - especialmente
feministas - talvez achem que o título “Pai” para Deus traz conotações
demasiadamente masculinizantes, quando não machistas. Por isso, é importante
aprofundar o sentido bíblico do termo, e o que significava na boca de Jesus.
Quando o Antigo Testamento descreve Deus como Pai, implica muito
de que a nossa cultura atribui à mãe. O Antigo Testamento se refere a Deus como
Pai quinze vezes e enfatiza a ternura, a misericórdia, o carinho e o amor de
Deus para o seu povo. Isso fica especialmente claro nos Profetas. Vejamos
alguns textos: “Serei um pai para Israel, e Efraim será o meu primogênito” (Jr
31, 9); “Será que Efraim não é o meu filho predileto? Será que não é um filho
querido? Quanto mais o repreendo, mais me lembro dele. Por isso minhas
entranhas se comovem, e eu cedo à compaixão - oráculo de Javé” (Jr 31, 20); “Eu
tinha pensado contar você entre os meus filhos, dar-lhe uma terra invejável...
esperando que você me chamasse de “Meu Pai”, e não se afastasse de mim (Jr 3,
19); “Quando Israel era menino, eu o amei; do Egito chamei o meu filho... fui
eu que ensinei Efraim a andar, segurando-o pela mão... Eu os atraí com laços de
bondade, com cordas de amor. Fazia com eles como quem levanta até seu rosto uma
criança; para dar-lhes de comer, eu me abaixava até eles (Os 11, 1ss).
Nestes textos podemos sentir muitas das características que a
nossa cultura ocidental atribui à mãe - portanto o termo “Pai” no Antigo
Testamento não traz qualquer conotação machista.
Embora o Antigo Testamento fale de Deus como “Pai” 15 vezes,
jamais alguém invoca Deus como “meu Pai”, ou “nosso Pai”. O respeito do judeu
diante da transcendência de Deus não permitia. Mas, nos Evangelhos nós achamos
o termo “Pai” para Deus na boca de Jesus 170 vezes. Isso era coisa tão inédita
que podemos ter certeza que se trata de uma palavra autêntica de Jesus e não
somente proveniente da Igreja primitiva. Marcos a usa 4 vezes, Lucas 15 vezes,
Mateus 42 vezes e João 109 vezes! Na comunidade do Discípulo Amado, pelo fim do
primeiro século, “Pai” é o termo para Deus.
A expressão que Jesus mesmo usava era “Abbá”, uma palavra
aramaica sem sinônimo em português. Fazia parte da linguagem da intimidade do
lar, um termo carinhoso usado tanto por crianças como por adultos, para o seu
pai. Então, ultrapasse o sentido da palavra nossa “papai”. Devemos dar muito
peso a este ensinamento de Jesus, pois embora não exista na literatura rabínica
um exemplo sequer do uso do termo “Abbá” para Deus, Jesus sempre se dirigia a
Deus deste jeito, exceto em Mc 15, 34 (quando na cruz, citando um salmo, ele
chama Deus de “Eloí”, meu Deus). Jesus, então conversava com Deus com a
segurança, intimidade e carinho com quem se conversa na ternura do seio
familiar. E mais, ele autorizou os seus discípulos a usar o mesmo termo. Isso
indica o novo relacionamento com Deus, que Jesus nos trouxe. É algo além do
normal poder reivindicar tal relacionamento com Deus. São Paulo mantinha o
termo aramaico, mesmo escrevendo em grego em Gálatas 4, 6 e Romanos 8, 15,
quando ele diz: “A prova de que vocês são filhos é o fato de que Deus enviou
aos nossos corações o Espírito do seu Filho que clama: Abbá Pai!” (Gl 4, 6);
“...receberam um Espírito de filhos adotivos, por meio do qual clamamos: Abbá,
Pai!” (Rm 8, 15)
O “endereço” da oração determina não somente o nosso
relacionamento com Deus, mas, com os nossos irmãos e irmãs. Pois, se Deus é o
“Abbá” de todos nós, então somos todos iguais, e rezar esta oração exige que
nós não nos compactuemos com qualquer coisa que nos discrimine - racismo,
machismo, clericalismo, exploração etc.
Todas as petições seguintes da oração dependem deste endereço.
Pois, não estamos nos dirigindo a um Espírito perfeitíssimo, criador do céu e
da terra, onipresente, onipotente e onisciente! Estamos nos dirigindo ao nosso
“Querido Pai”, e é este novo relacionamento, um dom incrível do próprio Deus,
que faz possível as petições. Por isso, na liturgia, a Igreja pede que se faça
uma introdução à oração, como “Orientados pela Palavra de Jesus, ousamos
rezar”, para que nós tomemos consciência da enormidade do dom de filiação que
recebemos por Jesus.
2. “Santificado seja o Teu nome”
Na forma atual, esta petição pode expressar tanto um louvor
(“Santificado seja o teu nome”), como uma petição (“Que o Teu Nome se torne
santificado”). No contexto, devemos entendê-la como pedido. Podemos entender
melhor a frase se voltamos de novo para um profeta do Antigo Testamento,
Ezequiel: “Vou santificar o meu nome grandioso, que foi profanado entre as
nações, porque vocês o profanaram entre elas. Então as nações ficarão sabendo
que eu sou Javé. quando eu mostrar a minha santidade em vocês diante deles” (Ez
36, 23).
Então, com este pedido rezamos que o mundo chegue a conhecer o
nome (isto é, a realidade íntima) de Deus (que Ele é o nosso “querido pai”)
através da nossa vivência. Se torna uma oração missionária, com três elementos:
- primeiro, que nós
cheguemos a conhecer cada vez mais quem é Deus.
- segundo, que o
mundo chegue a este conhecimento através do nosso testemunho;
- terceiro, que a
plenitude da revelação da realidade de Deus venha logo; este é o aspecto
escatológico.
3. “Venha o Teu Reino”
O tema central da pregação de Jesus era a iminência do Reino de
Deus. Se o “nome” de Deus se refere à sua natureza íntima, o “Reino” se refere
à sua atividade. Pedimos aqui a consumação final do Reino. É a oração da
comunidade que reconhece a presença do Reino, mas sente que ainda não é
estabelecido definitivamente entre nós. Temos outros trechos do Novo Testamento
que expressam este desejo com a palavra aramaica “Maranathá”, (Vem, Senhor
Jesus!), por exemplo 1Cor 16, 22 e Ap 22, 20.
A versão mateana que nós costumamos rezar, acrescenta “Seja
feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”. Isso é outra maneira de
expressar a mesma ideia, pois, quando a vontade de Deus é feita na terra como
já se faz no céu, então o Reino estará plenamente realizado entre nós.
4. “O pão nosso de amanhã nos dá hoje”
Os primeiros dois pedidos almejam a chegada do Reino na sua plenitude,
mas as duas petições seguintes põem a ênfase sobre o “agora”, o “hoje”!
A primeira dificuldade que enfrentamos é com a tradução, pois
aqui se usa uma palavra grega “epiousios” que não é usada em outro lugar
no Novo Testamento. Há quatro sentidos básicos possíveis para este termo:
- necessário para a
nossa existência;
- para hoje;
- para o dia que
virá;
- para o futuro.
As várias traduções usadas nas nossas bíblias (e seria bom
verificar) refletem a dificuldade em ter certeza sobre o que significa o termo
no contexto desta oração. Muitos exegetas concluem, com São Jerônimo, que a
palavra quer dizer “dá-nos hoje o nosso pão de amanhã”.
Aqui, “amanhã” significaria o “grande amanhã” da parusia, da
consumação final do Reino de Deus. Assim estamos pedindo que nós possamos
experimentar hoje o que pertence à plenitude do Reino.
E isso tem implicações muito concretas para a nossa vivência.
Pois, jamais será possível experimentar a plenitude do Reino enquanto falta o
pão material na mesa dos nossos irmãos e irmãs. Quem faz este pedido se
compromete com a luta por uma sociedade mais justa, mais fraterna, onde todos
possam ter uma vida digna.
Quando Jesus e os seus discípulos faziam a refeição, era muito
mais do que simplesmente tirar a fome. Significava o banquete messiânico,
desejado pelos profetas, onde todos teriam vida plena. Quem reza esta petição,
se compromete com a concretização de uma sociedade onde “todos tenham a vida e
a vida em abundância” (Jo 10, 10), coisa impossível sem o pão material nas mesas.
Não é possível participar do banquete eucarístico, sem este
compromisso concreto com a construção de um mundo sem empobrecidos, onde todos
terão “o pão nosso de cada dia”.
5. “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós queremos
perdoar os nossos devedores”
Um dos grandes dons da era escatológica é o perdão. Já vimos em
outros trechos como Jesus manifestava esse dom gratuito do Pai. Aqui pedimos
que nós possamos experimentar esse grande dom, aqui e agora. Mas, o trecho
levanta a questão da relação entre o perdão de Deus e o nosso perdão.
A maneira que nós rezamos o “Pai Nosso” - “perdoai-nos as nossas
ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” - pode dar a
impressão que estamos pedindo que Deus nos perdoe na medida em que perdoamos os
outros! Se Deus vai nos perdoar conforme os critérios humanos, estamos em maus
lençóis! Aqui é necessário que olhemos melhor o que significa “assim como”.
Quase todos os estudiosos estão de acordo que esta frase não
deve ser entendida como uma comparação entre o perdão de Deus e o nosso.
Diversas parábolas sugerem que o perdão de Deus precede o perdão humano (Mt.
18, 23-25; Lc 7, 41-47). O nosso perdão é consequência e resposta ao perdão de
Deus. Sendo perdoados, não temos desculpa para não perdoar! Mas qual é então o
papel do perdão humano? (Mt 6, 14s). É que o perdão de Deus só se torna real
para mim quando eu o assumo na minha vida ao ponto que procuro perdoar quem me
ofendeu. O nosso perdão mútuo então é a prova de até onde temos aceito o perdão
de Deus. Devemos então lembrar três pontos:
- O perdão de Deus
sempre precede o perdão humano;
- O perdão humano é
reação ao perdão divino;
- O perdão divino
só se torna eficaz para nós quando nós temos vontade de perdoar o outro.
Joaquim Jeremias, teólogo, explica a frase assim: “Nós estamos
prontos a repassar a outros o perdão que nós recebemos. Dá-nos, querido Pai, o
dom da era da salvação, o teu perdão, para que, na força do perdão recebido,
possamos perdoar os que têm nos ofendido”. (J. Jeremias, A Oração do Senhor).
E o grande exemplo desta realidade continua sendo a mulher
“pecadora” de Lc 7, 36-50), cujo grande amor foi consequência do grande perdão
recebido de Deus.
6. “E não nos deixes sucumbir à tentação”
Esse é o único pedido formulado em termos negativos. Aqui não
somente pedimos para não cair nas pequenas ou grandes tentações que nós
enfrentamos no dia-a-dia, mas que não caiamos na Grande Tentação, de não
acreditar na realidade da presença do Reino, de perder a fé na ação
transformadora de Deus, de não acreditar mais na concretização da vontade de
Deus. E este “sucumbir” não vem normalmente “de vez” - é um processo lento, que
pode acontecer sem que nós demos conta. É o perder do élan, da vibração com a
causa do Reino, que reduz a religião a um mer “cumprir tabela”, sem alegria,
sem esperança, - enfim uma frustração. Esse pedido ecoa uma mensagem e
advertência clara dos evangelhos - a necessidade de vigilância! Estamos na luta
escatológica entre o bem e o mal, onde até Jesus foi tentado. Aqui reconhecemos
a nossa fraqueza, a nossa tendência para o desânimo, e pedimos a força de Deus
para que não sucumbamos à Grande Tentação.
Assim a Oração do Senhor resume o projeto de vida dos seus
seguidores e discípulos. É uma oração que traz consequências bem concretas para
o nosso relacionamento com os irmãos e com a sociedade. É uma oração que
desinstala e desacomoda. Pois, nós estamos nos comprometendo com a construção
diária do Reino, através do seguimento de Jesus.
A segunda parte do trecho de hoje insiste na
necessidade de perseverança na oração. Faz contraste (e não comparação!) entre
Deus e o amigo humano. Pois, se o “amigo” só atende o pedido para não ser
amolado, Deus é bem diferente. Ele dará o mais importante - o Espírito Santo,
com todos os seu dons, àqueles que o pedirem! Peçamos as coisas pequenas - mas
importantes - necessárias para a nossa vivência diária, mas saibamos também
pedir os grandes dons do Reino, o perdão, o pão da vida, a misericórdia sem
limites, que Deus jamais negará!
Salmo 137/138
Naquele dia em que gritei, vós me escutastes, ó Senhor!
Ó Senhor, de coração eu vos dou graças
porque ouvistes as palavras dos meus lábios!
Perante os vossos anjos vou cantar-vos
e ante o vosso templo vou prostrar-me.
Naquele dia em que gritei, vós me escutastes, ó Senhor!
Eu agradeço vosso amor, vossa verdade,
porque fizestes muito mais que prometestes;
naquele dia em que gritei, vós me escutastes
e aumentastes o vigor da minha alma.
Naquele dia em que gritei, vós me escutastes, ó Senhor!
Altíssimo é o Senhor, mas olha os pobres
e de longe reconhece os orgulhosos.
Se no meio da desgraça eu caminhar,
vós me fazeis tornar à vida novamente;
quando os meus perseguidores me atacarem
e com ira investirem contra mim,
estendereis o vosso braço em meu auxílio
e havereis de me salvar com vossa destra.
Naquele dia em que gritei, vós me escutastes, ó Senhor!
Completai em mim a obra começada;
ó Senhor, vossa bondade é para sempre!
Eu vos peço: não deixeis inacabada
esta obra que fizeram vossas mãos!
Naquele dia em que gritei, vós me escutastes, ó Senhor!
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